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Ferida na perna: o que pode ser?

Você já se perguntou o que pode significar uma ferida na perna que não cicatriza facilmente? A maioria dessas úlceras, cerca de 80%, estão vinculadas a problemas venosos, ou seja, nos vasos sanguíneos responsáveis por retirar o sangue das pernas e levar de volta ao coração. Assim, sem o tratamento adequado, essas feridas podem se tornar crônicas, introduzindo um conjunto de desafios complexos para a saúde. Desse modo, este artigo explora as causas subjacentes das feridas nas pernas, destacando a importância de identificar corretamente sua natureza para um manejo eficaz.

Identificando a causa da ferida na perna

Uma das causas mais comuns de feridas nas pernas são as úlceras venosas, que resultam do mau funcionamento das válvulas venosas, levando ao acúmulo de sangue e aumento da pressão nas veias. Este cenário não só dificulta a cicatrização da ferida mas também contribui para sua formação. Além disso, condições como diabetes e infecções podem comprometer a capacidade do corpo de curar feridas, transformando pequenos machucados em problemas mais sérios.

Entre as principais condições que levam ao surgimento dessas lesões estão:

  • Úlceras venosas: causadas por insuficiência venosa crônica, ou seja, resulta em feridas frequentemente localizadas nas áreas inferiores das pernas e tornozelos;
  • Úlceras arteriais: resultado de uma má circulação arterial, geralmente causada por doença arterial periférica. Nesse sentido, pode levar à formação de feridas nas pernas, especialmente nos pés e dedos dos pés;
  • Úlceras neuropáticas: ocorrem devido a danos nos nervos periféricos, comumente associados à diabetes mellitus. Do mesmo modo, podem resultar em feridas nos pés e pernas devido à perda de sensibilidade.

Portanto, essas condições comprometem significativamente a qualidade de vida dos pacientes, não só pelas dores e desconfortos que provocam, mas também pelo risco elevado de infecções.

A origem da ferida na perna pode ser atribuída a várias causas comuns, incluindo:

  1. Diminuição da circulação arterial, muitas vezes associada à arteriosclerose;
  2. Insuficiência venosa devido a refluxo venoso ou obstrução, que aumentam a congestão nas pernas;
  3. Distúrbios circulatórios e de coagulação não relacionados à arteriosclerose;
  4. Diabetes;
  5. Insuficiência renal;
  6. Hipertensão arterial, tratada ou não;
  7. Linfedema, um inchaço causado por problemas linfáticos;
  8. Doenças inflamatórias como vasculites, lúpus e esclerodermia;
  9. Outras condições clínicas como colesterol elevado, doença cardíaca, anemia falciforme e distúrbios intestinais;
  10. Tabagismo, tanto ativo quanto passivo;
  11. Imobilidade prolongada;
  12. Predisposição genética, com algumas úlceras sendo hereditárias;
  13. Neoplasias e tumores cancerígenos;
  14. Infecções;
  15. Certos medicamentos que podem causar lesões cutâneas.

Desse modo, o diagnóstico das feridas requer uma avaliação completa da história médica do paciente, juntamente com um exame físico minucioso conduzido por um cirurgião vascular especializado. Exames de imagem, como ultrassom Doppler vascular, radiografias, ressonância magnética, tomografia e angiografia, podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico e no planejamento do tratamento.

Tratamento eficaz para ferida na perna

O tratamento das úlceras visa diminuir a dor e acelerar a cicatrização, sendo altamente individualizado de acordo com a condição de saúde de cada paciente e as causas subjacentes das feridas. Entre as opções de tratamento, incluem-se a administração de antibióticos, medicamentos para prevenir coágulos ou diminuir a adesividade plaquetária. Do mesmo modo, curativos específicos para cada tipo de ferida, compressão das pernas para úlceras venosas e avaliação minuciosa da circulação para úlceras arteriais, também são indicados.

Tratamento da úlcera venosa

Para úlceras venosas, a terapia compressiva é essencial para reduzir o edema e promover a cicatrização. O cirurgião vascular especializado determina o tipo e modo de compressão. Além disso, diferentes tipos de curativos podem ser utilizados, como umedecidos, hidrogel, hidrocolóides, alginatos, colágeno, agentes de debridamento e antimicrobianos, conforme a necessidade de cada úlcera. Em alguns casos ainda há a necessidade de tratamento cirúrgico com remoção das veias doentes, como varizes e safenas com refluxo. Atualmente as técnicas com laser são a primeira escolha.

Tratamento da úlcera arterial

O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença arterial e pode incluir tratamento endovascular ou ponte de safena para aumentar o fluxo sanguíneo ao local afetado. Desse modo, o objetivo é proteger a superfície da pele, prevenir novas úlceras, remover irritantes, identificar sinais de infecção e promover a cicatrização.

Tratamento das úlceras neuropáticas

O tratamento das úlceras neurotróficas envolve evitar pontos de pressão, realizar limpeza cirúrgica quando necessário e utilizar sapatos especiais ou aparelhos ortopédicos, conforme a indicação. Essas medidas criam condições favoráveis para a cicatrização da lesão.

Cuidados com as feridas em casa

Em casa, é essencial manter as feridas limpas e secas, trocar os curativos conforme orientação médica, seguir corretamente a medicação prescrita, adotar uma dieta saudável, realizar exercícios regulares e usar calçados adequados e, se necessário, meias ou faixas compressivas.

A prevenção das lesões nas pernas envolve o controle dos fatores de risco que podem desenvolver ou agravar as condições. Isso inclui medidas como:

  • parar de fumar;
  • controlar a pressão arterial;
  • gerenciar os níveis de colesterol e triglicérides por meio de dieta adequada e, se necessário, medicação;
  • reduzir a ingestão de sódio;
  • controlar o diabetes;
  • estabelecer um programa de exercícios físicos diários sob supervisão médica e, se aplicável, perder peso.

Além disso, é fundamental manter consultas regulares com o cirurgião vascular caso haja feridas nas pernas, para garantir um acompanhamento adequado e prevenir complicações.

Dr. Marcelo Giusti

Médico | CRM-SP 132068

Cirurgião Vascular | RQE 52453

Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia | RQE 59003

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